6 de abril de 2007

VII
Este capítulo foi escrito pelo meu amigo amado, em sinal de protesto pela minha preguiça - colaboração e empurrãozinho para que eu continue a saga de George e Lívia.
Texto de Felipe Belão Iubel com interferências de Mercedes Gameiro.

(Tempo)

Com o anel de Lívia na mão, George ficou sentado. Olhava desolado para a parede do Hotel. Parecia sem reação. Seu cérebro dava tantas voltas quanto seu estômago. Questionava toda sua vida. Questionava sua carreira. Questionava tudo.

Deitou no chão. Tudo parecia mais claro dali. Então, conseguiu enxergar a grande vilã de toda a história. Não se tratava da mulher que aparentemente se apossou de seu coração. Não se tratava de sua ex-namorada em Los Angeles. Era ela, sua própria carreira, a responsável por tudo. Afinal, se não fosse por sua fama e por seus filmes, as fofocas e especulações não chegariam aos ouvidos de Lívia e ele jamais teria perdido aquele amor que já nasceu cheio de lendas, histórias e fantasias.

Foi então que, com grande tristeza e com uma ousadia típica dos corações desesperados, ele se imaginou outra vez dirigindo um filme. Sentiu seus dedos tocando a câmera. Sua voz ecoando pelo cenário. Seus personagens tomando forma. Os atores e atrizes criando um mundo sob seu comando.

E, anos após a bem sucedida empreitada de "Confissões de Uma Mente Perigosa", seu primeiro filme, sentiu que chegara a hora de voltar à direção. Foi nesse exato momento que dois grandes roteiros vieram instantaneamente à tona. Dois roteiros que futuramente o ajudariam a reencontrar seu caminho na indústria cinematográfica americana e mundial.

No chão de um quarto de hotel, com um anel na mão e o com o coração em frangalhos, nasceram dois filmes que fariam o nome de George Clooney brilhar na festa do Oscar.

"Boa Noite e Boa Sorte" veio primeiro. Sempre segurando o anel de Lívia, ele quase derrubou o diretor da Warner Independent Movies quando anunciou que filmaria tudo em preto e branco. Com uma direção de fotografia das mais belas de todos os tempos e direção de elenco impecável, ele revolucionou. Levou a todos um excelente drama sobre a era McCarthy nos EUA. E recebeu em troca aplausos e prêmios em festivais pelo mundo.

- No surprise, no pleasure, no satisfaction. - ele dizia.

Alguns julgavam que a frase indicava que todo seu talento como ator e toda sua habilidade como diretor começavam a refletir na sua atitude. Notícias e mais notícias. Fofocas e mais fofocas. Elogios e mais elogios. Jornais divulgavam que o eterno médico e bom moço de E.R. atingira o ponto alto de sua carreira.

Sempre com o anel na mão, George só sorriu quando leu que uma grande revista americana o rotulava como o grande defensor do cinema anti-stablishment e atribuía a ele o título de "homem mais perigoso em Hollywood".

Foi assim que George atingiu a maturidade profissional como diretor e ator. Cheio de melancolia e tristeza. Sentimentos que tão mal faziam à sua vida e tão bem se encaixavam na hora de se concentrar no trabalho.

E foi assim. Permaneceu pensativo e calado enquanto filmava o thriller sobre as intrigas e corrupção no mundo de negócios do petróleo, "Syriana". A crítica o aclamava. A saudade de Lívia o aplacava. E George frequentemente era visto sentado no chão, com um anel "estranho" na mão.

- No surprise, no pleasure, no satisfaction. - ele continuava dizendo.

Mais prêmios. Mais indicação ao Oscar. Desta vez concorrendo como melhor ator coadjuvante por sua interpretação em Syriana. Mais assédio da imprensa. Mais badalação. Porém, só havia vida na lembrança daqueles dias que passara com Lívia. Dias que guardava no canto mais precioso de sua memória. O frio terminava na Califórnia quando os dias de Oscar se aproximavam. Festas, noites de gala e dias que amanhecem vazios. O vento constante que vem do mar parecia trazer mais lembranças. Nestes dias, o vento era o único consolo de George. Ele pensava nos prêmios com descaso e já tinha planos para eles: "Excelentes pesos para segurar as portas. Assim o vento pode entrar na minha casa trazendo a única coisa que realmente importa."

No surprise, no pleasure, no satisfaction.

Um comentário:

Anônimo disse...

Comentário sério agora, depois da reclamação pelo msn!
então, acho que o george é um grande sujeito! e concordo que ele é um grande diretor... no final das contas essa desgraça toda com a Lívia fez bem pra ele ein!

Bjuca do Tito Iubel 14.02.2006

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... george virou um diretor muito interessante... quanto a livia???

Bjos e té mais! Thyagota0 14.02.2006
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Mercedes, eu gostei do texto

mas tadinho do george! Fernanda Cabarcas 16.02.2006