6 de abril de 2007

VI
(O Frio)


Oito graus lá fora, sensação térmica de 3 graus por causa do vento intenso que vem das geleiras da Antártida.

O hotel no alto da montanha está de frente para o vento do mar e a poucos metros da geleira El Martial. Neve eterna, gelo de dez mil anos. É difícil descrever as cores e o céu de Ushuaia. A vegetação quase monocromática e ao mesmo tempo assustadoramente colorida: o vermelho, o amarelo e o verde dão a impressão de ser uma só cor. As pequenas casas com seus telhados de lata parecem brinquedos. A cidade minúscula com menos de 10.000 habitantes funciona como poucas metrópoles. Calefação em qualquer biboca, lan houses em cada esquina, táxis podres mas que atendem aos chamados imediatamente. Muitos táxis na rua. Em qualquer lojinha é possível descarregar cartão de fotos, atualizar seu I-pod, enviar e-mails. Restaurantes perfeitos, vinhos maravilhosos, sabores de outro mundo. Quem já experimentou uma merlusa negra ou uma centolla (king crab) na Patagônia, sabe do que eu estou falando. Sem falar de um dos top 5 chocolates do mundo. "Arrisco dizer que é o melhor".

George saiu do banho e encontrou Lívia com o rosto para fora da janela aberta.

- Ta louca, Lívia? Fecha isso.
- Eu adoro o cheiro do frio. - fechando a janela - que lugar lindo, George. Que bom que a gente veio.
- Frio tem cheiro?
- Tem. De infância. Uma delícia.
Ele sempre ouvia as palavras de Lívia com um sorriso indisfarçável de admiração.
- Então vamos brincar lá fora?
- Oba, vamos.

Os dois pediram um táxi e foram para a orla conhecer a cidade e seus barcos pesqueiros. Encantados, como qualquer turista, andaram a pé pela beira do mar sentindo o vento gelado, foram obrigados a comprar cachecóis e luvas, tiraram fotos e conversaram com moradores do local. George puxou Lívia para dentro de uma loja. Chocolate Lapataia.

- Café?
- Nossa! Estou matando por um.

Pediram seus cafés e Lívia ficou maravilhada com os chocolates expostos na vitrine do balcão. Puxou sua máquina fotográfica e começou a registrar de todos os ângulos aquela variedade de barras artesanais empilhadas. Chamou a atenção da balconista.

- Por favor? Qual deles você acha que é o mais diferente, ou mais típico?
- O chocolate amargo com Calafate.
- Pode me dar um, por favor?

Lívia analisa a barra que lhe foi dada, não reconhece nem de longe o tal calafate. Experimenta e adora.

- O que é calafate?
- É uma fruta silvestre, abundante por aqui.
- Parece com o que?
- Hm... Com calafate. É redonda, pequenina e azul. Algumas pessoas dizem que é blueberrie.
- Não deixa de ser uma "blue berrie" já que é azul e silvestre.
- Sim. Mas o gosto não se parece com o blueberrie americano.
- Muito gostoso. George? Quer um? É com uma fruta típica da região.
- Quero.

A moça da loja sorriu ao ver George provar o chocolate.

- Que bom que vocês estão comendo Calafate.
- Porque? - George perguntou - Tem poderes medicinais?
- Não. Tem poderes mágicos.

Os dois se olharam espantados, tirando rapidamente o chocolate da boca.

- Como assim?
- Calma... É só uma lenda muito antiga.

Os olhos curiosos de Lívia brilharam e ela quis saber sobre a lenda da fruta azul. A bem treinada balconista prontamente começou a contar.

- Dizem que uma velha índia estava muito triste, porque os pássaros que estavam sempre perto de sua casa haviam migrado para outro lugar e não voltaram mais. Quando o inverno acabou, alguns ressurgiram e ela, como era bruxa e conseguia falar com os pássaros, foi perguntar a eles por que demoraram tanto.
Os pássaros explicaram que se ficassem por ali no inverno, quando a neve cobre toda a vegetação, morreriam de fome. Então, a velha índia disse a eles que se prometessem não mais partir, ela mostraria a eles onde havia um alimento maravilhoso e farto. Os pássaros prometeram ficar. A índia então levou os pássaros para conhecer o Calafate que é quase uma praga nesta região. Os pássaros adoraram a fruta e experimentaram um profundo desejo de comê-la sempre. A partir desse dia, alguns pássaros deixaram de migrar. E mesmo quando a neve cobre tudo, eles ficam em volta dos arbustos revolvendo a neve para encontrar o Calafate. Os pássaros que migram, dizem, passaram a comer as frutas que são levadas pelo vento. E sempre voltam para a Patagônia em busca de mais.
Por isso, os índios acreditam que o Calafate é encantado. Quem come esta fruta, volta sempre para cá para comê-la. E o que comprova a lenda, é que no verão, quase todos os pássaros, inclusive o ñandú, que é um pássaro enorme, têm os bicos tingidos de um azul chamativo, que dizem ser por causa do Calafate.

Lívia perguntou sorrindo:

- Então, eu posso entender esta lenda do meu jeito e dizer que se eu comer Calafate junto com ele, ele vai sempre voltar para mim?
- Ou vocês vão ter que se encontrar sempre na Terra do Fogo.
- Ah... Então vou comprar Calafate e escolher um lugar para onde queremos voltar.
- Não! Só vale na Patagônia. Mas é um belo lugar para namorar.

George e Lívia saíram da loja com uma caixa de chocolates e contrataram um tour para o Parque Nacional da Terra do Fogo. No carro, o telefone de George tocou pela primeira vez desde que conheceu Lívia.

- Alô...
- ... Oi.
- ... tudo bem e você?
- ... Ainda estou aqui. Só vou embora depois de amanhã.
- ... Sim. Tudo correndo como deveria.
- ... Não, não acho boa idéia.
- ... Só um segundo. Espera um pouco. Calma. Espera.

George cobriu o fone e falou com o motorista.

- Pode encostar o carro um minuto, por favor?

O motorista encostou e George desceu do carro para falar no telefone com privacidade. Lívia ficou dentro do carro vendo George se alterar com a pessoa que estava do outro lado da linha. Ela tentou ler seus lábios, mas não conseguiu. Estranhou. De vez em quando, uma frase ou outra podia ser ouvida.

- Eu falei pra você que precisava viajar sozinho!
- ... Não. Eu não devo nenhuma explicação a você.
- ... Eu disse tudo o que ia fazer.
- ... Quando eu voltar, Li....

"Quem? Com quem ele está brigando?"

George olhava de longe para Lívia, gesticulava mostrando que não demoraria, mandava beijos, tirava o telefone do ouvido e deixava a pessoa falando sozinha. Desligou o telefone e voltou para o carro.

- Desculpa, meu anjo. Não vai mais acontecer.
- Não tem problema. Está tudo bem?
- É. Está.
- Mesmo?
- Mesmo.

O motorista seguiu viagem pela estrada colorida de vermelho, amarelo e verde. O telefone de George tocou mais cinco vezes até a estação do Parque da Terra do Fogo. Ele ignorou todas as ligações até resolver desligar o celular.

O antigo trem do Fim do Mundo costumava levar os presidiários à mata para cortar árvores e trazer de volta a madeira que foi usada para construir quase todas as casas da cidade e o próprio presídio, além de servir de lenha para as lareiras e calefações da cidade inteira quando Ushuaia era ainda cidade-presídio. George e Lívia pegaram o trem e refizeram o caminho dos prisioneiros, passando pelos campos chamados Cemitério de la Lenga - centenas, milhares de cepos de árvores cortadas que fazem uma paisagem triste e descampada.

Numa das paradas do trem, à beira do lago, George que estava quieto a um bom tempo, perguntou:

- O que você sabe de mim, Lívia?
- Hm... Que pergunta estranha...
- Então... Responde.
- Sei que você é um lindo, que eu te adoro...
- Não. Da minha vida.
- Ah... Quase nada. Sei que é ator, vi alguns de seus filmes. Adoro E.R. da sua época. Mas não sei nada. Por quê?
- Nada? Nunca leu nada?
- Eu não sou nem um pouco interessada em fofocas de celebridades. Não compro revista feminina e não vejo E!
- Nossa. Você existe?
- Acho que não. Mas porque você quer saber isso?
- Você está me dizendo que jamais foi minha fã?
- Isso te magoa, George? Hahaha!
- Deus! Isso acabou com a minha auto-estima. Então é sério? Você nem gosta do meu trabalho, não quer saber da minha existência?

Lívia soltou uma gargalhada que atraiu a atenção dos outros turistas que já olhavam demais para eles e cochichavam ao reconhecer George.

- Você não está falando sério, pelo amor de Deus?
- Não. Claro que não. Mas quando eu voltar vou precisar de uma sessão extra com o meu terapeuta.

Ela o abraçou carinhosa.

- Diz pra ele que você conheceu uma das pouquíssimas mulheres que nunca pensaram em ir pra cama com você. E ela te adora.
- Não sei se me serve de consolo.
- Hm... Mas não foi pra isso que você me fez essa pergunta. O que você está querendo me falar, George?
- Não. Nada.
- Hey. Saiba que eu não me interessava pela sua biografia. Mas hoje ela deixou de sera biografia de um astro de cinema para ser a vida de uma pessoa que eu adoro. Se você tem alguma coisa para contar, é melhor que seja já. Porque não vai ser legal descobrir coisas pelas revistas.
- Não... Não tem nada.
- George. Eu posso fazer uma greve e não falar com você por dois dias até você contar. Quer que eu comece?
- Você não teria coragem.
- Vai se arriscar?
- Você fala muito. Não conseguiria ficar calada dois dias. Eu aposto.
- Quer tentar?
- Para de bobagem. Nada de greve.
- Me dá um beijo que eu vou sentir falta. Pronto. Comecei.
- Eu não posso passar dois dias sem ouvir a sua voz.

Lívia não responde.

- Que pássaro será aquele?

Lívia continua em silêncio.

- Fala comigo?

Lívia caminhava mais à frente se fazendo de surda e rindo enquanto George andava atrás dela atirando pequenas pedras nela e cantando alto uma paródia de Lailla do Eric Clapton:

- Li-via... You got me on my knees, Lívia... Please just talk to me, Lívia?

Como nada adiantava, George resolveu apelar. Parou no meio do caminho repleto de velhinhas e turistas, abriu os braços e gritou:

- Alguém aqui fala inglês?

Dirigindo-se a uma senhora que respondeu positivamente:

- A senhora fala Inglês?
- Falo.
- Então, por favor, me ajude e peça ajuda para as suas amigas. Essa moça que está andando ali na frente não quer falar comigo. Ela pensa que eu sou uma árvore e árvores não falam. - passando o braço pelo ombro da Senhora - Será que vocês todas podem dizer pra ela que eu não tenho nada pra esconder dela, que estou apaixonado por ela e preciso muito que ela volte a falar comigo?
- Claro. Qual é o nome dela?
- Lívia.
- Mas antes me diga, tem certeza que você não está escondendo alguma coisa da menina?
- Ai meu Deus... Porque as mulheres simplesmente não podem confiar num homem honesto? Claro que não!
- Lívia, querida, venha conversar com uma Tia experiente...

Todas as senhoras do grupo cercaram Lívia e foram tentar convencê-la de que George merecia mais uma chance. Lívia dava muita risada com os argumentos delas e as caras de George olhando de longe. Até que Lívia decidiu:

- Ok. Ok. Chega. Vocês estão me deixando louca! Eu falo com ele. Juro que eu falo. Mas com uma condição.
- Aceita uma condição, George? - Perguntou de longe uma das velhinhas, toda assanhada por estar falando com George Clooney.
- Claro...Claro...Qualquer coisa.
- Ele aceita, menina. Qual é?
- Bom. Vejam bem. A condição é boa para vocês, mas se ele tentar me matar, vocês vão ter que me defender.

Todas concordaram prontamente e Lívia expôs a sua condição.

- Quando chegarmos na estação, ele vai ter que dar um autógrafo com dedicatória para cada uma de vocês.

George pôs as mãos na cabeça em sinal de desespero.

- Meu Deus, Lívia! A que ponto chega uma mulher má!
- É pegar ou largar, Mr. Clooney.
- Ok. Eu pego! Tarde de autógrafos na estação.

Lívia grita de lá:

- Autógrafos e fotos!
- Hey! Não era uma condição só? Agora são duas?
- Não não não. Está no pacote. Foto!
- Há! Você já está falando comigo!

Lívia fala para uma senhora:

- Avisa pra ele que é isso ou nada.
- George querido, ela disse que é isso ou nada.
- Ta bom.... Autógrafos e fotos! Combinado.

Todas as velhinhas pulavam e riam de alegria. Lívia se aproximou de George sorrido faceira.

- Quer apostar mais alguma coisa?

Ele a abraçou rindo.

- Não. Nunca mais duvido de você!
- Então me conta quem ligou para você no carro.
- Ah não, Lívia, não quero falar disso.
- Quer que eu comece de novo?
- Não, pelo amor de deus!
- Então me conta. Eu acho que é alguma coisa que eu tenho que saber.
- Ta bom... Tá certo. Era a minha namorada.
- QUEM?
- Ex-namorada.
- Namorada ou ex?
- Ex. Quer dizer. Parece que ela não entendeu que é ex. Mas é.

O rosto de Lívia se transformou. Toda a faceirice tornou-se pura decepção.

- Ah George..."o que você sabe sobre mim...blablabla"!
- É. Foi por isso. Eu não queria falar. Não queria que você ficasse chateada comigo me achando um cafajeste barato.
Lívia calou por alguns segundos. "Claro, que idiota, por que seria tudo perfeito e fácil?"...
- Lívia... Olha pra mim.
- Não George.
- Por favor olha pra mim.
- Ah, não quero. Pra que? Pra você me contar que quando voltar pra Los Angeles vai ficar com ela, porque é alguma relação antiga, complicada, que não acaba fácil, bla bla bla bla...não quero saber. Muito burra mesmo eu de achar que você estava comigo de verdade, eu devia ter deixado isso tudo acabar mesmo na porta do hotel em Buenos Aires, devia ter jogado esse anel pela janela, jogado você no Rio como eu disse que ia fazer.
- Para, Lívia, olha pra mim e escuta!
- Escutar o que, George? Vai me fazer mais de idiota ainda? Ou vai dizer que a gente não tem nada, que é só uma aventura de viagem, vamos aproveitar?
- Dá pra você escutar, ou vai continuar falando por mim?
- Não quero te escutar.

Ela saiu andando em direção à estação e deixou George falando sozinho. Quando ele chegou, Lívia estava dentro do carro, emburrada, chorando.

- Tenho que autografar trinta e cinco papeizinhos e tirar fotos com velhinhas... Vem me ajudar?
- Não. Vai lá exercitar a sua celebridade.
- Para Lívia. Vem comigo.
- Eu não vou com você. Quero ficar aqui sozinha que está ótimo. Vai lá. Faz o que você sabe fazer melhor, engana as velhinhas.
- Vai parar de me agredir?
- Claro que não! Vai logo. Eu quero ir embora.

O caminho de volta para o hotel foi quase fúnebre. George conversando com o motorista num spanglish lamentável. Lívia muda no banco de trás. Árvores verdes, amarelas e vermelhas passando na janela sem parar.
Na porta do hotel, George pagou o motorista enquanto Lívia subia para o quarto. No elevador de madeira, ela se olhava no espelho e pensava.

"Burra! Idiota! Anta! Você achava que tudo isso podia acontecer de graça? Claro que tinha uma namorada do outro lado da linha. Claro que pra você vai ficar só a historinha pra contar pras vizinhas enquanto seu marido barrigudo ronca no sofá da sala. Burra!"

George entrou no quarto, largou a mochila em cima da poltrona, tirou os sapatos, sentou-se ao lado de Lívia na cama.

- Quer que eu ajoelhe e peça perdão?
- Quero que você exploda, George.
- Não quer não.
- Quero sim.
- Mas eu não quero explodir antes de explicar tudo pra você.
- Explicar o que? Que você tem uma namorada?
- Fica quieta e me deixa explicar. Não fala de novo por mim. Você é péssima em adivinhar o que eu vou falar.
- Fala, George. Vai. Me enrola.
- Eu não quero enrolar você. Eu tinha essa namorada. Já faz algum tempo que a gente está junto.
- "Eu tinha" e "a gente está" é erro de concordância. São dois tempos diferentes. Você tem que decidir se é passado ou presente pra poder me convencer de alguma coisa.
- Tá. A gente estava!
- Sei.
- Dias antes de viajar, eu conversei com ela. Disse que não estava feliz, que precisava ficar sozinho. Ela concordou. Eu disse que ia viajar. Ela não se opôs a nada. Eu achei que ela tivesse entendido o que eu quis dizer com querer ficar sozinho.
- Porque você não tentou usar as palavras "BREAK UP"?
- Porque achei que não precisava.
- Não precisava terminar?
- Não. Não precisava ser tão específico. Achei que ela tinha entendido. Mas ela ligou hoje toda "namorada", perguntando quando eu volto, dizendo que vinha me encontrar porque tá com saudade, que eu devo uma satisfação. Eu disse que não quero. Que ela não entendeu nada.
- Porque você me trata como sua namorada, se ainda está todo enrolado com ela?
- Porque você é minha namorada e eu não estou tão enrolado. É só uma questão de sentar e arrumar isso.
- Ai ai...
- O que foi?
- É melhor a gente voltar a ficar junto só depois que você arrumar isso.
- Como assim, Lívia, tá louca?
- Não.
- Você está aqui comigo!
- Isso se resolve.
- Lívia, não seja boba... Eu te adoro, nós estamos juntos num dos lugares mais lindos do mundo... Não vamos jogar nada fora por causa de uma relação que já acabou.
- Já acabou mas um dos lados não faz idéia disso.
- Um dos lados está se fazendo de bobo.
- É. O SEU lado.
- Não! Ela. Ah... Por favor... Você não vai fazer isso.
- Sei lá o que eu vou fazer, George. Vou dar uma volta.
- Eu vou junto.
- Não. Você fica. Eu preciso ficar sozinha e você entende bem essa frase. Então fica aqui.

Lívia pegou a bolsa e saiu. Passou muitas horas andando a pé pela cidade e pela orla, sentando-se em praças, sentindo frio, comendo chocolate e pensando no que fazer. Voltou para o hotel quando já era noite, George estava no restaurante jantando sozinho e dando incansáveis autógrafos. Ela foi direto para o quarto, deitou-se e dormiu. No meio da noite, Lívia escutou George entrando, nas pontas dos pés, evitando fazer barulho. Ele tirou a roupa em silêncio e deitou-se ao lado dela. Ela fingia que dormia quando ele se acomodou puxando-a para perto, enroscou suas penas nas dela, abraçou-a encaixando seu corpo e beijou seu olho. Embora tentasse, ela não conseguia segurar as lágrimas que escapavam dos olhos. George beijou seu rosto, beijou suas lágrimas, beijou sua boca e mais lágrimas. Ele sussurrava em seu ouvido:

- Desculpa, desculpa, desculpa, desculpa, desculpa... Eu não queria te deixar triste.... Eu te amo... Me perdoa...

Entre lágrimas escondidas e sussurros de perdão, George e Lívia fizeram um amor silencioso, desesperado, triste, como se fosse a última vez.
...

Dez horas da manhã. O sol batia na janela enorme do apartamento de frente para o Canal de Beagle e de costas para a geleira eterna. George acordou preguiçoso e feliz por ter feito as pazes com a sua Lívia. Levantou e foi procurar por ela no banheiro para dar bom dia, mas ela não estava. Pensou que ela podia ter descido para tomar café e começou a se vestir de qualquer jeito para descer, pegou seu relógio na mesa de cabeceira, pensava em sair, quando percebeu que havia algo além do relógio em cima da mesa. Voltou para confirmar e viu o que não queria: o anel de escaravelho havia saído do dedo de Lívia e repousava sobre um envelope do Hotel El Glaciar. No envelope, seu nome escrito com caneta vermelha.

"George,

Estou voltando para o Brasil no vôo das 9 a.m.
Minha viagem foi maravilhosa. Conhecer você foi maravilhoso. Tudo o que fizemos, falamos, vivemos, foi maravilhoso. Mas não foi totalmente verdadeiro da sua parte.
E não o será enquanto a sua vida não estiver resolvida.
Me perdoa por sair sem me despedir, mas eu não seria capaz.
Estou triste. Muito triste.
Adoraria que este anel voltasse para o meu dedo.(que seu coração voltasse para a minha mão), mas só vai ser possível se tudo for de verdade. Se você estiver nele inteiro.

Um beijo com saudades,
Lívia”


2 comentários:

Anônimo disse...

Ahhhhhhhhhhh... pq eu entro nessas histórias?? Pq eu acho tudo tão perfeito e sempre acredito em final feliz... é pq o texto é bom mesmo!
bjo bjo
Anne 17.11.2005
...................................

Não! Nâo, não, não... "o delírio capítulo V 1/2" pode ter sido mais sarcástico que este, pode ter sido mais rápido, emocionante... mas a Livia parecia mais resolvida, continuava burra e chorona, mas mais resolvida... até por que a família deu um empurrãozinho, mas nesse ela não poderia deixar que algo que já estivesse no passado atrapalhasse, ou eu sou mais burra que a Lívia, e adoro acreditar em tudo o que eles contam...
Não demore para continuar, estarei ansiando para ver o que vai acontecer
(se bem, que acho que ela deveria largar mão de tudo que para ela fosse óbvio e toamr aquele café da manhã com o George)!
ahaha
" ***
(bom dia Mercedes) Francine Welfort 17.11.2005

...................................
Essa é a Lívia que eu conheço e que tem um pouco de quem você conhece. Janela do carro aberta. Vento gelado no rosto. Facões que decepam idéias vontades que ultrapassem barreiras invisíveis e inimagináveis para tantos outros. Não preciso nem comentar do meu sorriso enquanto lia. Melhor que o sarcasmo do pedaço que é 1/2 é o sentimento, a emoção com pitada de verdade e lenda dessa parte. Não havia nada além disso pra ela fazer. Sorrisos a parte, às vezes precisamos chorar.
Que viagem por um mundo quase que nada imaginário!
Tito Iubel 18.11.2005
...................................

Parabéns... muito criativa... adoro!!!!!!!!
Muito bom ler Um Tango para George!!!!!
Bjs Carol 18.11.2005

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Ah que coragem viu!!!!
Já engordei só de ver a foto dos bombons!!!
Leio amanha cedo!!Prometo!!!
Hoje meus olhos não estão prestando!!!hahahahahah
Beijo!! Marilia Lopes 18.11.2005
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Me!!Ai,ai nao li todos os capitulos...
To cansada...doze horas de aula...e vestiba amanha =/
Mas amanha...leio todos..até onde eu li....muito bons =D
Beeeeeeijos

Vanessa Vicentini 19.11.2005
...................................

Já sou chocólatra e carente - to na emoção. quero final feliz tá? chega de gente n dando certo...
bjus
Márcia Schen 20.11.2005

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lindo lindo lindooooooooooo!
bjuxx
Natasha Borrelli 20.11.2005
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Me, eu vou dedicar uma música a você
"Talvez eu seja o último romântico dos litorais desse oceano atlântico..."
te adoro, Eu continuo achando que isso não vai prestar...
beijos
Mary Bacim 21.11.2005
...................................
Ainda bem que demorei pra ler... nessas horas voce já teria uma passeata na frente da sua casa pra continuar a história...
como essa livia é né... fala serio!!!
Se joga de uma vez!!!
Thyagota0 09.12.2005

Unknown disse...

Além de tudo, que trilha sonora!!!